Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

segunda-feira, 30 de maio de 2016

A primeira luz da manhã - Thrity Umrigar


  Thrity Umrigar foi considerada a escritora mais sensível da atualidade. A primeira Luz da Manhã é sua autobiografia. Um relato carregado de emoção, verdadeiro, cru. Mesclando suas verdades divertidas e compartilhando suas dores. Eu já havia lido sobre a Índia, mas nunca havia lido nada escrito por algum autor Indiano. Foi uma grata surpresa. Adorei o livro. Não há como discordar da sua perfeita escrita sensível. Uma leitura cativante. Quando encontrei esse livro o que mais me chamou atenção foi o seguinte escrito:

" De aniversário, me dão blusas de poliéster e calças de gabardine. Só quero usar jeans. Ninguém me dá jeans. Todo mundo sabe que devoro livros como se fossem barras de chocolate, que adoro música. Ainda assim, nenhum adulto jamais me compra um livro ou um disco de presente. Aliás, talvez seja até bom que não me deem o tipo de presente que me agrada. Diante do pouco que conhecem meu gosto, eu acabaria ganhando livros de poliéster e discos de gabardine. "

Depois:

" (...) Quando a vida se mostra inexprimivelmente difícil e triste, alguns acendem velas, outros procuram uma igreja, mas há outros que se voltam para a magia dos livros. "

 " É assim  que aprendo como é o amor, com minha tia solteirona de olhar triste, excessivamente sentimental, hipersensível e dada a sacrifícios, que me cria como se eu tivesse saído de dentro de seu corpo pequeno, como se tivesse me amamentado em seus seios minúsculos. Por isso nunca penso na maternidade como um conceito biológico. Por isso acredito que os laços da maternidade são criados diariamente, por atos de bondade, de afeto e devoção."

 " Já tenho um radar bem treinado para identificar a solidão nos outros, ou ao menos é o que suponho. Imagino poder reconhecer essas pessoas em qualquer lugar, que algo na maneira como sondam o céu ou na expressão vazia em seus olhos me diz que elas são como eu. "

 " Nessa noite, desejo ainda acreditar em Deus, pois minha vontade é agradecer bem alto aos céus. Em vez disso, me debruço no parapeito da varanda e converso com as estrelas. Uma delas pisca para mim. "

Uma leitura cheia de paradoxos,  a autora tece com teias de palavras muito bem colocadas uma rede de personagens ricos e apaixonantes.


Para ler em busca de inspiração nas grandes mudanças da vida. ( Vale para as pequenas também )











Nenhum comentário:

Postar um comentário

Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.