Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Para lembrar que não devo esquecer de apagar a luz




Um meio minuto, um pouco tempo e já se finda.
Um quase tudo do nada que desejei. O não esperável.
O silêncio de algo que nos cerca e não encontra palavras.
O que em breve será apenas alguma lembrança.

Olhos derretidos.

Um dia perto de tudo que tanto nos falta.
Acredito em tudo que não fomos.
Acredito no acaso e no que se demora.
Sinto o peso da ponte que não cruzaremos.

Olhos derretidos.

Os pés desconhecem o caminho de volta.
Sempre a estação errada.
Um espaço registrado no meio de tanta coisa dita.
E ainda assim nos faltaram planos.


( Alguma vez a flor não brota e fica apenas um galho seco de água, seco de um pouco de terra. Outra vez apenas esquecemos de buscar pão e o dia começa estranho. Descansar de viver para lembrar, tirar tudo das gavetas e acomodar de outro jeito. Nunca mais viver só depois. )

( Não cabe tanta coisa entre dois parênteses apenas, não caberia mesmo em um único parágrafo. Não cabe tudo que carregamos entre indas e vindas. Olhos gigantes. Esquecermos o que importa não é para agora. Jamais esperar abrir as malas que vem de tão longe. Lembrar de apagar a luz. Mandar entregar as cartas guardadas. ( não quero lembrar de apagar a luz ) Quero esquecer e esquecer de novo. Apagar os vestígios de tudo que eu sempre quis dizer. )




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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.