Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Hipoteticamente uma espera


Eu te esperaria, se prometeres que vens, fico aqui. Espero. Não demores. Espero. Não sei dos teus planos para hoje, só quero que tenhamos um hoje. Que sejamos nós. Que não estejamos sós. Espero. Não esperes, venhas. Me ensines como fazer. Quero deixar as hipóteses de lado e ser verdade. Estranhamente penso no futuro e nos coloco lá. Mas e o agora? Espero. Uma saudade hipotética, uma solidão que parece bem real. Um aperto no peito que machuca sem tocar. Uma realidade dentro de uma história inventada. Não temos garantias. Não temos certezas e nem motivos para acreditar. Como também não temos nada que nos leve na direção contrária. Não temos nada. Espero. 

Eu te chamaria, se não tivesse tanto medo de tudo que nos observa ao longe. Nem tão longe. O passado é logo ali. Espero que passe. Espero. Escrevo-te. Espero que tenhas aprendido a ler. Não há razão para buscar cartas sem remetente. Tomara que esperes.



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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.