Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Literal(mente)


Entro e fecho a porta, não tenho chaves.
Deito. Não durmo e o livro me basta. Agora sou outra história.
Outro lugar. 
Qualquer lugar longe daqui.

Moro nesse livro que me abriga e afago essas letras.
Fico à margem de mim, sou apenas as bordas do eu que está lá fora.
Não sou quem escreve. Sou quem lê.
A textura de cada página. O cheiro.

Piso em paisagens bucólicas e vejo céus invernais.
Sempre é mais bonito o inverno. Alguns outonos cabem.
Poucas cores. Quase sempre chove. 
Um tempo bom.

Mentiras literárias.
A melancolia não gosta de portas abertas.





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