Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

sábado, 18 de maio de 2013


Somos o esquecimento. Feitos de matéria que acaba e sem que nada mude a inexistência nos ocupa. O espaço do que nos coube torna-se o vácuo de alguma sombra. A própria temporalidade; quase palpável. Uma desconstrução. O eu improvável que prende-se entre o permanente e o vazio. Vertigem em espiral. O verbo e o fim. A perda. Um eco de toda distância que foge do compreensível. Chove muito pouco para um outono que pretende acontecer mesmo sem que estejas aqui.


quarta-feira, 1 de maio de 2013

Poesia cantada


Daqui desse momento
Do meu olhar para fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem
Quem vai virar o jogo e transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado só de quem me interessa

Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o seu sossego, atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurre em meu ouvido
Só o que me interessa

A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa