Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

sexta-feira, 15 de março de 2013

Embonitecer


Nos ensinaram que a felicidade deve ser nossa parte visível, que a alegria é para ser mostrada. Nos ensinaram que somos mais bonitos ao sorrir e ao demonstrarmos contentamento. E o contrário disso, a fragilidade é para ser mantida somente conosco. 

Acho que mentiram.

Fomos condicionados a acreditar que sendo aparentemente alegres, as outras pessoas nos amariam mais. Que ao demonstrar  fraquezas e falhas, nossos medos e frustrações seriamos de alguma forma rejeitados. Como se a alegria não fosse apenas um estado de espirito coexistindo com uma série de outros sentimentos tão importantes e reais quanto a própria felicidade.

E não somos de alguma forma encantadores quando nos mostramos humanos, frágeis e sem maquiagens? Talvez não seja realmente nosso melhor ângulo, mas quem pode  apaixonar-se por um sorriso estático? Quem ama o que nunca muda? 

 A vulnerabilidade pode ser surpreendente. De repente acontece de sentir dor, de errar, precisar de ajuda, mostrar que é feito de uma alma por entre os ossos. E assim aparece um lado belo, um belo autêntico, sem plasticidades, sem ensaios. 

Falta rosto sorrindo de cara limpa, falta o riso e a risada que ficam contidos no sorriso. Falta deixar cair a lágrima quando a emoção toma conta do ser. Falta voltar a acreditar na importância de um pouco de silêncio suportável entre duas pessoas. 


Falta embonitecer. 

( Pintaram a paixão de vermelho, concordo que seja um clássico, mas os amarelos estão tão suculentos. Amarelo manga, maracujá; E é gostoso não é? Mesmo sem paixão, assim puro amarelo, com o toque ácido, nunca é só doce. Amarelo laranja madura. )












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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.