Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Permanência


E algo de um nada agora nos habita onde antes éramos tudo; tínhamos. Sobramos. Não somos mais. Fomos. Distantes, incorretos, avessos. Tortos. Estamos. Estávamos; não mais. Seremos só o que passou, somos o que não vai mais ser. Incorpóreos. Não justificaremos. Ficamos do lado de fora. Nunca entrou. Saímos, desistimos. Destinos. Rascunho. 

As travessias exigem esforços. Algo sempre fica do outro lado. Quando é preciso voltar a bagagem é mais cheia de um peso cheirando à vésperas. O barulho de quem chega estala incertezas. Quem fica sente a dormência dos pés. A coragem pode não ter cabido na bagagem agora desfeita sobre a velha cama que serve de fazer dormir a poeira do que nunca encontra uma porta aberta. 

Estamos sós.




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