Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

domingo, 13 de janeiro de 2013

Noites Azuis de Joan Didion




Um livro sobre saudade, sobre perdas, mortalidade e tempo. Uma meditação melancólica sobre o que resta, e se o que resta é uma escritora, ela escreve.   

Noites Azuis ( Nova fronteira, 144 páginas com tradução de Celina Portocarrero ), o último livro da jornalista, roteirista e escritora americana Joan Didion, uma narrativa sobre uma mulher em um corpo frágil de 70 anos e que de repente se descobre só, após a perda do marido o também escritor americano John Gregory Dunne, e da filha adotiva do casal, Quintana Roo. 

Com uma linguagem extremamente cuidadosa, e capítulos breves, ( 35 no total ) Didion relembra a infância e juventude de Quintana, com especial atenção ao dia do seu casamento, descrevendo pequenos detalhes, como a sola vermelha dos sapatos e os jasmins em seu cabelo; 

Uma reflexão sobre sua filha, mas também sobre si própria e seu papel como mãe. De maneira muito sincera e sofrida, a autora nos apresenta seus questionamentos: Será que fiz tudo que poderia ser feito? Que detalhe passou despercebido? Que detalhe poderia fazer a diferença nos anos seguintes para evitar a fatídica saudade que hoje é sentida? Divide a dor do luto com seus leitores.

O livro anterior a este é o premiadíssimo O ano do pensamento mágico, onde o relato é sobre a perda do marido John. Noites Azuis é a continuação que Didion jamais imaginaria escrever. 

A autora entrega-se com todas suas marcas e conta sobre a mulher que restou em meio a perdas, sobre sua fragilidade e seu temor frente à sua completa solidão. E escreve, tentando manter Quintana e John vivos. Agarra-se a possibilidade de encontra-los enquanto vasculha memórias e relembra fatos para escrever.

Certamente um livro para ser lido à noite, de preferência na sala; 


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