Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

sábado, 15 de setembro de 2012

Marcador de páginas


Tanto tempo longe de casa. A música quando toca na rádio é distante como o lugar  onde perdemos as chaves; não tem como sentir o vento sem lembrar da ponte que sempre engolia as águas passantes, elas também nunca completam seu curso, sempre são outras águas, mas a ponte é sempre a mesma. Não existe mais o atalho. Sinto algumas vezes inveja dessa coisa simples de poder não existir mais, parece tão seguro. Não existir deve ser um bom lugar para se estar em dias como amanhã.  Podia começar hoje; deixar o livro aberto ou com páginas marcadas é cruel com as histórias de dentro, deveria estar intacto, sagrado, onde tudo contém e não está inserido em nada; palavras libertas. Será que as palavras realmente buscam algo? Será que elas têm entendimento das sensações que causam? Queria poder pensar em sânscrito enquanto busco quebrar o cadeado.

( eu teria usado o plural se entre as palavras existisse alguma racionalidade em tentar evitar os acorrentamentos )


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.