Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

terça-feira, 12 de junho de 2012

Uma declaração de amor, sim

  

  Passava um pouco do meio dia, de um dia sentimental, em um mês frio. Naquela hora, o movimento de carros era menor, e podia-se andar calmamente. Uma jovem abaixada no canteiro de rosas, juntando galhos recém cortados. A praça das rosas. 

  A expressão do seu rosto era suave, de alegria autêntica. Não à conheço. Mas confesso que achei a cena toda muito linda. Imaginei o jardim dela. Pensei no carinho com que cuida de suas flores. Alguém especial que deve ter lindas rosas em um vaso na sala, ao lado da lareira. Alguém que sorri.

  O senhor que faz a poda das roseiras, deixa os galhos separados para que quem passe por lá possa levar mudas. Logo serão roseiras. É preciso esperar as primeiras geadas. A época certa. Sempre achei que jardineiros possuem talento de anjos.

  Esse jardineiro não cuida só da praça, ajudou o jardim da moça sorridente ficar mais bonito. Ajudou vários outros jardins. E a moça, não cuida só de seu jardim, cuida das rosas na praça também. 

  E nesse dia, em que o sol apareceu no meio de um céu esparramado de azul, as rosas passeiam pela cidade carregadas por moto boys, as pessoas sorriem. Não é apenas o dia dos enamorados, é a celebração do amor.

   E para celebrar o amor, não é necessário que as rosas venham embrulhadas com laço de fita. 

  O amor pode caber assim, na simplicidade de um gesto de afeto do jardineiro. Na ternura de uma moça que gosta de plantar roseiras. Nas coisas pequenas. 

  O amor só precisa ser sentido todos os dias...

(  Há quem prefira margaridas, mas essa seria outra história  )



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