Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

sábado, 2 de junho de 2012

Sem importância



Transgredindo os dias, acordo mais tarde. Ainda me sinto presa a cama. É domingo de novo e eu não sei caminhar aos domingos. Não sei como sair daqui. É tarde quando ainda é tão cedo. Uma sombra de dia escuro escorre pelo vidro da janela. Parece quebrar. Como será que as outras pessoas vivem isso? Me pergunto como conseguem almoçar em um dia assim? O sol agora bate no escorrido do vidro. Seca. Gruda. Dia arrastado. Eu arrastada. Banho de pingos grossos. Café forte. Enfrentemos esse dia seja qual for sua graça. Mesmo dia com outro nome. Gosto de imaginar os plurais, e viver a solidão amarga. Eu deveria estar em um cinema agora. Vendo um filme qualquer. Comendo algo talvez, e implicando com alguma legenda torta. Mas não, aqui é só uma sala de alguma casa estranha. Há sempre algo de pesado demais em dias assim. Melhor morrer por hoje na margem do que será amanhã.



Um comentário:

  1. Gostei demais. Refino e simplicidade se unem e nem sempre percebo onde começa um e termina o outro. Escreva mais. Ganhou um leitor. Beijos.

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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.