Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

terça-feira, 8 de maio de 2012

Rascunho



Tinha apenas mais alguns minutos
uma Única palavra poderia ser escrita
algumas letras e a definição de toda sua escolha
o lápis não riscava.

De traçado leve,  quase como um borrão na folha branca

TEMPO


( o ponto final era em forma de lágrima no papel )

Caminhou em direção ao previsível, até não mais poder ser vista.


Ele olhou para mesa e não mais a viu. Caminhou rápido e apenas o papel o esperava.
Leu quase sem entender, teve que sentar para poder respirar melhor.
Olhava fixamente para a mesa com o escrito. Apenas Tempo.

Sim, entendia sim. Mas não podia crer, não queria crer.
Ele mudaria o Tempo. Faria dar Tempo, se preciso fosse faria um Tempo
Onde coubessem os dois.

Mas agora o tempo ficará preso para sempre naquela lágrima borrada em papel branco...


( Ficariam eles também presos, em Tempos diferentes... )





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