Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

domingo, 8 de abril de 2012

Morangos, um chá e o livro


   Fechar o livro agora sem marcar página alguma, sem ter que lembrar o parágrafo ou um conto inacabado, somente fechá-lo...

   Foram algumas semanas, nunca me demorei tanto em uma leitura como esta, confesso, não queria " acabar " de ler, queria ficar um pouco mais aqui.

   Ler Caio Fernando Abreu é como estar sentado na varanda, na sua poltrona favorita em uma manhã de outono, tomando chá de maçãs colhidas por sua avó. É mais do que somente ler, é estar naquele livro, ou ser aqueles escritos por um determinado tempo.

   Não sei escrever críticas e nem me atreveria, ( é o Caio! ). Sobraram apenas impressões. Demais. Com letras maiúsculas, pontos de exclamação e inúmeras interrogações.

  Uma única afirmativa : - Leia Caio Fernando Abreu.

   Pelo mesmo motivo que deves ler Clarice Lispector e Pablo Neruda.

   Leia Caio no outono, Clarice no inverno e Pablo na primavera. Nunca os leia no verão, por mais ameno que seja, não combinaria. Também não acompanhe seu chá com biscoitos se estiveres lendo Caio.

   Será de grande valia se tiveres um amigo com quem possas compartilhar a experiência dessas leituras. É verdadeiramente importante conversar um pouco sobre o que se passa nesse tempo peculiar. A intensidade com que as palavras surgem te farás compreender essa necessidade, como se fosse algo grandioso demais para ser contemplado à sós.

   Não é complexo, tão pouco simples. É autêntico, intenso, ácido e embolorado. É forte, inesperado e belo. É verdadeiro. Cru. É nu. Essência de palavras.




  Morangos Mofados - de Caio Fernando Abreu, escrito de maneira densa, pontuado de pequenos significados. Um livro capaz de te deixar sentado na varanda, com o chá esfriando e o pensamento lá longe ( onde talvez as coisas pudessem ser diferentes )
  






 

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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.