Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Giulia





   Em dois de abril, quinze anos antes eu nasci mãe, junto com a Giulia.

   Eram dedinhos que pareciam gravetos, contei cada um deles e as duas pombas continuavam na janela, nós duas vimos e sentimos a calma de nascer juntas.

   Foi a primeira filha, a primeira neta, a primeira sobrinha, enfim, modificou nossas vidas para sempre. E foram também os melhores pulmões que conheci, como chorava aquela criaturinha minúscula, aquele pacotinho encantado queria colo, e não qualquer colo, mas durante dois longos anos apenas o meu colo. Na verdade acho que a Giulia neta e sobrinha nasceu dois anos depois.

    Com oito meses começou engatinhar, com onze meses começou caminhar  e 15 dias antes de fazer um aninho, aquele misto de boneca e menina começou falar, nasceu naquele dia uma tagarela.

    A Giulia comilona nasceu logo depois, quando ficou na casa da tia Liza e para minha tragédia comeu cinco bananas ( eu havia dito a tia dela que ela não gostava de bananas ). Depois nasceu a Giulia vaidosa e só eu e ela saberemos quantos batons foram degustados nessa jornada. Em seguida nasceu a Giulia que contava histórias com seus livrinhos mágicos. Depois nasceu a bailarina, a musicista...

   Eu vi nascer todas essas Giulias, e muitas outras. Hoje vai nascer uma Giulia diferente e é um clichê lindo dizer que essa data é especial.

  É uma comemoração dela e um agradecimento meu silencioso, porque essa menina incrível que nasceu junto comigo naquela manhã de quarta-feira fria, me ensina tanto todos os dias que seria injustificável não agradecê-la.

  Queria ter te dado asas Giulia, queria ter de dado um castelo e um unicórnio. De tudo isso que eu sonhei, o mais perfeito aconteceu, já não tens mãos de graveto agora, tens quatro mãos fortes. As tuas e as minhas para sempre e para tudo que sonhares... Feliz aniversário querida!



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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.