Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Reverência



 A menina que me sorri no sinal usa chapéu de arlequim, vestido de colombina e é feliz. Tem um sorriso largo, a pele pintada e a boca vermelha.

  Sorri em trocas de moedas, ou ganha moedas porque sorri. Imagino que sorri também quando não ganha moedas.

 Ela certamente tem um nome e uma história, abandona tudo e torna-se a menina do sinal.

  Ela salta leve entre os carros, saltita. Acho que ama alguém que a ama também, isso a faz feliz. Sorri em ângulos especias, sorri com os braços e com as pernas enquanto colhe moedas com seu chapéu colorido e, mal sabe ela que quem ganha somos nós.

  Será que ela mora em uma casa de porta amarela? Ou será que dorme em uma nuvem com forro de prata?
  Será que alguém já lhe pediu o nome? Será que alguma vez ela sente medo?

  Poderia ser professora do saber sorrir e saber emocionar os pobres mortais que param para ver sua graça simples, de arte de vida, que faz falta em todos aqueles carros apressados que passam e passam, só passam sem reparar que alguém os sorriu.

  Era só uma menina de chapéu colorido que me sorriu...



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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.