Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Chá de tempo


Todo dia é sempre o mesmo dia.
O dia não é um novo dia, ele engana por causa do cheiro.
É um cheiro novo em um dia velho.
As manhãs e seus cafés fortes.
Os relógios e suas horas iguais.
O chuveiro e sua água de sempre.
Nunca vai ser amanhã.
Um tempo arrastado, meio avoado.
Nunca lembra de chegar, só quer ficar.
O sino badala igual.
As pessoas e sua pressas.
Os cigarros e sua fumaças.
Não tem graça.
O ônibus passa.
O tempo teme o próprio reflexo.
Por isso não passa.
É sempre só um dia que mente de novo...

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