Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Ceticismo


  Escolhi o melhor lugar na grama, embaixo da árvore de flores lindas, perfumadas e de um rosa tão suave que lembrava branco céu com sol.

  Acomodei-me e senti o livro, a capa, o autor, o cheiro e as primeiras páginas. Li sobre chuvas, cafés e o telefone tocou, sonoridade única o modo como pronuncias meu nome. E agora, o convite inesperado. Aceitei claro, juntei duas flores, coloquei entre a última página e a capa, precisaria ter algo especial, afinal ele coube no meu filme favorito, e agora também tu estavas nele.

  Um café com creme de avelãs e outro com sorvete, o contestável sabor do sorvete, enfim, naquela hora era doce. Sim a roupa não era apropriada, mas estar ali era mais importante que tudo, e sendo domingo era permitido um pouco de estranheza. Falamos dos nossos livros, o de capa azul que compramos igual e só um de nós leu.

  Falamos dos sabores daquela tarde, e hoje, terminando de ler o livro, encontro as flores nele, secas, lindas. O último capítulo deixou uma enorme sensação de inquietação, a mesma que senti quando ouvi o telefone tocar inesperadamente, a mesma inquietude que sinto quando lembro de todos os talvez.

  Hoje é domingo, ficou uma chamada perdida no telefone, só porque talvez é algo para sempre... ou talvez eu tenha dormido lendo e te sonhado.

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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.