Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

sábado, 31 de dezembro de 2011

brisa



Queria achar um barco vazio
E com ele me perder no azul
De mar e de céu
De paz...



Resgatando o tempo



Sempre haverá tempo
E sem os medos
Sem sombras
Completo
Com planos de frente
Acreditando

Às vezes olhando de muito perto
É impossível ver direito
Mas mesmo assim
Quero o inteiro
Com tudo o que vier junto
Com todos os atrevimentos
Tudo o que couber no peito
Durante o tempo que durar o hoje...










quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Descalço


Eu não te sei
Te sinto
Teu caminhar é leve
E não posso te tocar
Ainda assim te sinto
De passos firmes
Alegria incontida
Alma inquieta
Eu te sei
É isso que sinto...

Questão de estilo


Se eu fosse historiadora poderia citar o Bra-Burning de 1968 exemplificando o inicio do meu ensaio sobre a perda da identidade do feminismo. Na verdade ele deveria ser usado como marco inicial do raciocínio, seguido do pós revolução francesa em meados do século XIX. Então graças a eu não ser uma historiadora, podemos pular a bagunça inicial e partir para importância da calça saruel nesse universo.

Dia desses estava sentada ao lado de um colega, quando passou uma mulher de calça saruel preta, botas e um casaquinho básico, com uma camiseta cinza. Era uma mulher de personalidade bastante forte e uma segurança admirável. O que me espanta é o comentário masculino: Que tipo de calça é esse, não destaca a forma feminina? Parece uma grande fralda. 

Os homens foram educados por mulheres, que os ensinaram que o corpo feminino é recurso visual, é para ser " admirado". E nós mulheres nos usamos disso como ferramenta de sedução. E no fim existe um grande equivoco de ambas as partes.

Em tempos de peitos siliconados e calças absurdamente justas, não seria surpresa que uma saruel causasse espanto. O que deixa-se de perceber é que para uma mulher, abrir mão " desse recurso" e sair na rua, segura de si e completamente à vontade, vestindo algo confortável e que não " marque seus contornos", é a mais perfeita forma de exemplificação de feminismo autêntico. É uma questão de libertação, de gosto e estilo também claro. Mas é bom saber que depois do modismo, depois de passada a febre de estar antenada, surge algo que sinalize na direção da evolução de uma  luta inciada a muito tempo, lá na história do início do texto, onde mulheres lutavam pelo direito à uma autonomia original. 

Autonomia essa que lhe permite construir uma personalidade independente, desvinculada de espectadores, quando não precisa de aprovação visual somente. Quando consegue essa construção com aportes realmente concretos, algo que vai além da matéria.

Talvez me acusem novamente de ser pouco feminina, e talvez esse texto seja somente para que eu lembre que  isso deixou de ter importância antes da saruel sair de moda e eu ainda continuar usando e admirando quem ainda a use, independente de gênero...











terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Tu



E mesmo que eu não esteja contigo, tu estás comigo
Porque algo de ti é meu
Do muito teu que ficou em mim.
Isso torna a chuva perfeita
Quando,  na tua ausência
Não sinto tua falta...


                    ( se for permitido mentir que seja agora )



quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Somente


Busca-me o momento para ir embora
Mas não vá
Fique aqui... Não há tempo para explicar
Apenas fique
Eu queria poder falar
São coisas importantes
Mas serão apenas palavras
E podemos sentir
Podemos guardar o momento
Sempre será agora
Sempre teremos mil coisas a fazer
Sempre será tarde
Mas podemos ficar e dizer ao Depois que agora não...?!

(...)

(..

Todos esses dezembros já é tempo demais
Sempre é muito tarde
Sempre é solitário
É um tempo que não explica
Um tempo longo demais
Um nunca dentro de um para sempre
Mergulhar
Respirar
Voltar
           Sentir...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Pontes




Naquele momento o necessário era reunir forças e explicar o porque ter que  IR

e tudo que eu queria ouvir era o porque FICAR!!!




terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Abdução


Viver a vida assim sob uma perspectiva de expectador é estranho. Amanhecer quando nem se dormiu, e ter que imaginar quem será que esteve com meu sono? Quem vive minha vida verdade? Onde estou eu nesse momento, quando não estou aqui? Quem está no meu lugar? E quem é essa que diz ser eu, e eu na verdade nem à reconheço?
Onde acontece a fragmentação da vida? Do nosso tempo? Onde acontece a perda do caminho? Onde ocorre a substituição?
O que é feito do amor quando não consegue entrar nesse coração? Quem fica com a parcela de amor que era minha? E os sentidos que não encontro, quem fica com eles?
Quem sorri disso tudo que não acho graça?
Eu poderia ser qualquer um, poderia ser todo ou nenhum alguém. Poderia ter coração e não dor. Poderia ter vida e não espectro. Poderia ter coragem e não cansaço. Poderia ter encontrado a razão de parte de um todo.
Quem encontra tudo isso que procuro? Quem me rouba assim dessa maneira? E quem é esse eu que permite isso? De onde vem e para onde vai? Quem fica com todos os abraços que eram meus? Onde foi parar a coerência? Quando partiu? Porque não viu? Onde estava?
E se fosse uma neurose?  Seria uma salvação, teria cura... Mas não é, não vem de dentro, e muito menos de fora, nunca esteve em mim, nunca estive em mim. Não seria tratável, seria penas resgate...


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Onde


E eu nem poderia falar de amor, nada sei sobre ele.
Imagino ser algo para os fortes.
Forte suficiente para admitir suas fraquezas.
Forte para aceitar ser derrotado vez ou outra.
Forte para chorar.
Forte para esquecer.
Forte para quando tiver que lembrar.
Uma vez eu o vi.
Ele esteve na minha frente...( Mas é preciso algo além da força )

                                      E o que será que acontece com o amor que fica?



Do incompreensível


Da certeza
                     de que esperar vale a pena
Do desejo
                      apenas o encontro
Do futuro
                      dentro do imaginável
Do passado 
                       um tempo de aprender
Do agora
                       único tempo palpável
Do que sobrou
                        já foi
Do que falta
                      Sempre você...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

E se?


E se uma única pessoa soubesse de uma mania sua,
que você mesmo nunca havia reparado?
E se essa mesma pessoa lhe desse um beijo em um dia especial?

                          Como poderia ser?



quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

caminhos


Certa vez um homem me contou
Que todos os pássaros buscam alcançar o céu
Que as borboletas são fascinadas pela luz
Que viu uma montanha apaixonada pela nuvem
E a flor vermelha que amava o beija flor

Depois de um longo silêncio, me falou
Que agora não tinha mais segredos
E que precisava partir, sua bagagem estava leve...
             
                    Seguiu pela estradinha com passos seguros e não olhou para trás... Parecia feliz!


terça-feira, 6 de dezembro de 2011





Precisaremos mergulhar no mais fundo da Complexidade para começarmos a perceber a verdadeira Simplicidade da Vida!!





segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

                                         

E quando não houverem palavras...

Seguraremos um a mão do outro;
O sorriso pode falar também;
Se for lágrima, terá um carinho enxugando-a;
E o ombro será apoio;

                                            O amor vai acontecer no silêncio dos olhos...




(...)
 E eu só queria me ver nos seus olhos...

Do amanhã


Do que me prometestes quero apenas:

- todos os sorrisos;
- os abraços;
- os passeios de mãos dadas
- os poemas;
- o queijo derretido no pão de alecrim...

     O resto das promessas a gente vê depois, quando o sol estiver bem alto já, e o dia andar apressado. Caberá mais um monte de promessas no meio de todos momentos que guardarei... O futuro que eu escrevi para nós é cheio de hojes...

Da pressa



Não preciso da urgência de chegar à lugar algum
Quero somente por hoje     
                                            Viver!!


Abstrair-se




Quero somente querer cada vez menos....



cúmplices


Se tu me conheces tanto,
Se consegues me sentir dessa maneira
                               Deixa eu tentar me encontrar em ti...


Céu


Deixa sair o sol,
Perde-te nos sonhos de hoje...


sábado, 3 de dezembro de 2011

Por sentir


Palavras deixam de ser palavras, quando provocam sensações.
Tornam-se Sentido e ganham contornos.
Palavras em linguagem corporal merecem ser respiradas...
                                                                                       Tocadas e experimentadas
Palavras Sagradas...


Visão micro do macro


O mundo que realmente importa muito provavelmente não se estende além da cerca do seu jardim...


Ex marido não é nada meu!!!


  Uma separação,  sempre vem com bagagens enormes, passa longe de ser fato banal. Mesmo quando se deseja tal acontecimento, somente acontece por inteiro de maneira gradual,  é um processo que só se completa  à longo prazo. Acontece por etapas.
  Comigo aconteceu de maneira mais lenta que o comum, imagino. Meu raciocínio demora para se processar. E da idéia até a ação é um caminho relativamente longo, em se tratando de relacionamentos não acredito em reticências, somente ponto final.
  De um longo relacionamento, que cumpriu todas as formalidades e me trouxe o mais importante que tenho na vida hoje, meus filhos, na teoria não poderia terminar de maneira tempestiva. Na prática acontece de maneira bem diferente. O que mais me impressiona é o fato de ter demorado quase quatro anos para processar todas as etapas, até chegar a separação definitiva. ( chamo relacionamento e não casamento porque tenho uma visão totalmente diferente da Instituição Casamento, tenho muito respeito por ela, e acredito de todo meu coração que pode dar muito certo ).
  Não é culpa de ninguém a não ser minha, por nunca ter percebido a dimensão do que se apresentava. Pulei etapas e fiquei tempo demais parada em outras. Super valorizei alguns problemas e isso me fazia ter dimensionamentos equivocados.
  Observando algumas situação parecidas com a minha, de amigas ou conhecidas próximas, fiz uma listagem das etapas. É uma pequena reflexão na verdade, espero que possa ajudar algumas mulheres a saírem da zona de estagnação, e se alguns homens lerem, também será como forma de revisão de valores.( De qualquer forma espero ajudar ).

   Até chegarmos a um Ex marido inexistente passamos pelas seguintes etapas:

1º - A decisão de pedir o divórcio : etapa complicada, difícil e frustrante. Se você chegou nela,  seu relacionamento está gravemente doente ( eu não acredito em cura, nos filmes sim, na vida real não creio ser possível verdadeiramente ). Nessa etapa, desistiremos muitas vezes, perdoaremos muito e nos sentimos extremamente cruéis, com o outro e conosco também.  ( Uma etapa solitária )

2°- O pedido : No meu caso foi como se a forma infinita do universo tivesse se potencializado e voltado toda sua força contra mim ( não faço a menor idéia de como sobrevivi ). Conheço histórias um pouco mais leves ( De qualquer forma é um momento que exige muita força ).

3º- Enfrentamentos: Agora o mundo já sabe que você pediu o divórcio, hora de sair e enfrentar, se sobrar alguém do seu lado, agarre-se e aceite toda ajuda possível. ( frequentemente as pessoas do seu circulo de relacionamentos desaparecem nessa hora, a sociedade é machista sim).

4º- Formalidades judiciais: Em casos de divórcios consensuais muitas vezes a mulher abre mão de muita coisa que lhe é direito, para apresar o processo; é uma forma de buscar a libertação. Em processos litigiosos, abre-se mão para tentar acabar com o desgaste ( tentei das duas formas, e mais tarde você se arrependerá de ter aberto mão do que é seu de direito, Não Vale a Pena ). Os direitos são iguais para ambas as partes.

5º- Ajustes: Esse tempo até sair averbação de separação, é um tempo de ajustes, se tiver filhos é a hora de tentar amenizar os danos, um tempo de calmaria no meio da tempestade.

6º- Sou uma mulher livre, e agora?:  Fase estranha, muito estranha, confusa. Bastante peculiar. ( seria muito longo descrever aqui, acho desnecessário, salvo apenas o comentário: é uma fase insana!!)

7º- Correções: Nessa fase, nos damos conta de tudo que abrimos mão, de tudo que deixamos, abrimos mão e agora vamos tentar rever. Provavelmente agora surgem os processos de revisão. (  A expressão : Situação Tragicômica, passa fazer todo sentido!)

8º - Reconstrução: Algum tempo passou-se a agora podemos fazer planos futuros, olhar para o passado sem medo, recomeçar.

9º - Perceber o que incomoda: Agora, com a cabeça fria, depois de tanto suar para viver, começamos a fazer entendimentos, e algo ainda incomoda muito. O Ex marido ainda é muito presente, e não deveria ser. é como uma TPM que não passa, você sabe que tem alguma coisa estranha, mas não reconhece. ( Leva um bom tempo para entender, imagino que muitas mulheres param nessa fase, imaginando ser a última. ).

10º - Ex Marido não existe: O que incomoda é a ligação com a pessoa que não te é querida, não é bem vinda na sua meditação ou na sua roda dos pensamentos. Ex marido é algo inexistente, ele não é nada seu , não pode ser ex, tem que neutralizar essa expressão. A mente não processa a palavra não, ela só entende Marido, Marido. É exatamente isso que atrapalha.... Não é Ex Marido. No meu caso hoje, é apenas alguém que ficou em um passado distante. O Pai dos meus filhos existe sim, Ex marido nunca; não é nada meu.... é uma forma de despreendimento verbal, funciona, me dá verdadeira liberdade. Não participa de nada, não Existe. Não tem influencia sobre meu estado de espírito. Demorei quatro anos para decidir: Não tenho Ex marido. É uma questão de escolha sim, algumas coisas tem importância e outras não merecem nem ser mencionadas... Precisa ter o minimo de competencia para ser Ex alguma coisa.


***
( Ajuda é muito importante em todas as etapas, conversar com pessoas que passam pelo mesmo problema faz muito bem, hj trabalho em uma instituição de ajuda à mulheres que sofreram ou sofrem violência doméstica, se precisarem de ajuda ou informações meu e mail estará disponível sempre. O silêncio só aumenta o problema. )